A Serra do Mar Paranaense
A
Serra do Mar é um grande sistema montanhoso que corre pela costa
brasileira, desde o Espírito Santo até o Sul de Santa Catarina. No
Paraná a Serra do Mar não é apenas o degrau entre o litoral e o primeiro
planalto do interior, mas constitui também uma serra marginal típica
que se eleva de 500 a 1.000 m sobre o nível médio do planalto. É
dividida em diversos maciços por blocos altos e baixos, os quais têm
denominações regionais especiais de serras.
O
primeiro bloco isolado de montanha, que se destaca mais ao norte
denomina-se Serra Capivari Grande, com altitudes de 1.640 a 1.676 m. Um
pouco mais ao sul fica a Serra Ibitiraquire onde ocorrem as maiores
elevações do estado, sendo ponto culminante o Pico Paraná com 1.877 m.,
seguido do Pico Caratuva com 1.860 m.
Atrás
de um bloco baixo da Serra São João e do Chapéu do Sol ressalta a Serra
da Graciosa, entre a estrada homônima e a ferrovia, que atinge 1.472m
no Alto da Graciosa e 1.453 m no bloco da Mãe Catira. A partir daí a
cadeia da serra perde altitude para sudoeste, revelando somente
elevações de 1.123 e 1.181 m na Serra da Farinha Seca.
A
Serra atinge novamente altitude elevada na Serra Marumbi, cujo cume
mais alto é o Pico do Olimpo com 1.539 m. Na Serra do Leão o mais alto é
o Morro do Leão com 1.564 m. Continuando para sudoeste surge a longa e
entalhada Serra dos Castelhanos, que avança entre os vales profundos dos
rios São João e Arraial.
Na
Serra Araçatuba, próximo à Santa Catarina, começa novamente a serra
marginal alta. Continua como Serra Iqueririm, sendo sua elevação mais
alta o Morro do Fundão com 1.450 m. Em seguida desvia-se para sudoeste
como Serra São Miguel. (WAGNER, 1981).
A
Serra do Mar teve seu embasamento na Era Pré-Cambriana a 4,5 bilhões de
anos. Entre os períodos Terciário e Cretáceo, originaram-se diques de
diabásio e granitos alcalinos com biotita e barkevicita.
Novas Altitudes no Paraná:
Até
1940, o ponto considerado culminante do Estado do Paraná era o Pico do
Marumbi, hoje Olimpo, com aproximadamente 1.547 m, altitude determinada
por Reinhard Maack através de nivelamento barométrico. A partir do cume
do Olimpo, Maack observou os picos vizinhos com seu teodolito e
constatou a existência de acidentes geográficos ainda mais elevados. Com
os meios disponíveis, efetuou cálculos que lhe permitiram obter as suas
prováveis altitudes, resultando, para o Pico Paraná, o valor de 1.930
m. Este pico veio a ser conquistado em 1941 pelos pioneiros Rudolf Stamm
(1910 - 1959) e Alfred Mysing.
Nos
dias 14 e 15 de junho de 1992, três equipes coordenadas pelo professor
Paulo C. L. Krelling, do curso de Pós Graduação em Ciências Geodésicas
da UFPR, desenvolveram o trabalho inédito de determinar as altitudes
precisas do Pico Paraná e Pico do Olimpo. Esta operação foi feita
através do rastreamento dos satélites artificiais do sistema NAVSTAR -
GPS no cume destas montanhas. O resultado final determinou as altitudes
de 1877, 392 m para o Pico Paraná e 1539, 361 m para o Pico do Olimpo.
Flora
A
totalidade da Serra do Mar no Paraná é recoberta por formações da
Floresta Ombrófila Densa, classificadas como Floresta Ombrófila Densa de
Terras Baixas (de 5 a 50 m de altitude), Floresta Ombrófila Densa
Sub-Montana (de 50 a 500 m), Floresta Ombrófila Densa Montana (de 500 a
1200 m) e Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana (de 1200 a 1400 m).
Acima de 1400 m, na cumeada das montanhas, situam-se os Refúgios
Ecológicos. Essas altitudes foram estabelecidas para localidades entre
24°S e 32°O no Projeto Radam Brasil.
A
Floresta Ombrófila Densa Sub-Montana caracteriza-se por uma cobertura
arbórea densa e uniforme, bem desenvolvida, atingindo 25 a 30m de
altura. O clima tipicamente tropical mostra sua influência no
crescimento contínuo da vegetação, assim como no interior destas
florestas, bastante úmido e mal ventilado, rico em epífitas e espesso
manto de detritos vegetais. Encontramos espécies como guapuruvu, bocuva,
figueira, canela-nhutinga, pinho-bravo, palmito, embaúba e
erva-de-macuco.
O
estrato herbáceo-arbustivo é caracterizado principalmente pelos xaxins,
que em conjunto com abundantes bromeliáceas de hábitos terrestres e
epífitas, imprimem os aspectos mais vistosos do ambiente tropical sob
influência atlântica.
A
Floresta Ombrófila Densa Montana difere pelas declividades mais
acentuadas e pelo ambiente superúmido provocado pela elevação,
resfriamento e precipitação das massas úmidas do oceano. As espécies de
clima tropical escasseiam ou desaparecem por completo.
A
família das leguminosas é representada por árvores de grande porte, com
copas amplas e dominantes, não raro emergentes, ultrapassando os 30 m
de altura. Dentre elas destacam-se o caouí e o pau-óleo tidos como as
árvores mais altas da floresta Montana. O ambiente no interior das
florestas montanas assemelha-se ao dos níveis inferiores sub-montanos,
notando-se, porém a redução na ocorrência do palmito como elemento
característico.
Na
Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana os solos apresentam-se mais rasos
e erodidos, impossibilitando o desenvolvimento da exuberante vegetação
arbórea Montana. Nestas altitudes, sobre solos localmente favorecidos,
observa-se o avanço de espécies características da formação Montana,
mostrando porém desenvolvimento reduzido. Nestas condições observamos o
guaraperê ou guaperê, o ipê-amarelo ou ipê-da-serra, o carvalho, a
caroba, o cuvatã, o miguel-pintado e a carne-de-vaca, entre outras. Os
limites superiores são nítidos, atingindo altitudes até 1400-1500 m,
quando a fisionomia característica dos campos de altitude determina o
contato Floresta Ombrófila Densa Alto Montana / Refúgio Ecológico.
Os
Refúgios Ecológicos se constituem de grupamentos vegetais que imprimem a
uma área ambientes dissonantes ao reflexo normal da vegetação regional.
Enquadra-se
nesta classificação os campos de altitude ou regiões altas das serras e
a vegetação rupestre, típica de paredes rochosas. Os solos rasos ou
incipientes não permitem o desenvolvimento de vegetação arbórea,
restringindo-se, portanto a formações graminóide-arbustivas, entremeadas
por ervas e arbustos. Comumente observa-se também a dominância
localizada da caratuva (Chusquea pinnifolia), espécie de bambu-anã. Entre as orquídeas destacam-se os belos exemplares vermelhos de Sophronites coccinea. (ITCF,1987)
É
a cobertura vegetal da Serra do Mar que assegura a firmeza do solo,
mantém o ritmo das chuvas e garante a sobrevivência dos mananciais que
abastecem Curitiba. A maior quantidade de água armazenada na serra flui
em direção à bacia do Rio Paraná, a oeste. Uma parcela menor dirige-se
para a planície litorânea, formando rios como o Nhundiaquara, Ipiranga,
Cubatão, Arraial, Guaratubinha e São João.
Fauna
A
Serra do Mar é um importante bioma local, onde se encontra o maior
índice de espécies residentes do Estado. Mesmo considerando-se a falta
de dados pertinentes, a diversidade de topografia, solos, vegetação e
ainda, a alta porcentagem da cobertura vegetal primitiva, não deixam dúvidas de que a fauna nativa ainda presente, é altamente preservada.
A
nossa serra é o refúgio de quatis, iraras, furões, ouriços, cutias,
tatus, macacos, como o bugio e macaco-prego; felinos, como onça-pintada,
suçuarana, jaguatirica, gato-do-mato e gato-mourisco. Abriga também
diversas espécies de aves como gaviões, jandaias, juritis, saíras,
pica-paus, macucos, jacus e tucanos.
Remanescentes da Floresta Atlântica
A
Floresta Ombrófila Densa, que cobria 1,3 milhões de quilômetros
quadrados da costa brasileira, está reduzida hoje a pouco mais de 152
mil (CIMA, 1991). O maior conjunto de remanescentes da Floresta
Atlântica se estende na Serra do Mar, do Espírito Santo à Santa
Catarina, sendo que o Estado do Paraná detém a maior área, 12% do total.
Na
época do descobrimento do Brasil, a área florestada do Paraná (Fl.
Ombrófila Densa, Fl. Ombrófila Mista e Fl. Estacional Semidecidual)
correspondia à cerca de 16.782.000 ha, 84,5 % da área total do estado.
Atualmente a área de remanescentes corresponde a 1.503.098 ha, ou seja,
7,59% da área total (Fundação SOS Mata Atlântica-INPE, 1993).
Áreas Protegidas no Paraná
A
Serra do Mar foi colocada sob proteção pública em 1952. O ato
considerou que esta mata é vital para a cidade de Curitiba e região
metropolitana, que não podem viver sem a água da Serra do Mar. Da mesma
forma, sua conservação é de absoluta necessidade para as baías de
Paranaguá e Guaratuba, que de outra forma sofreriam rápido processo de
assoreamento.
Em 1978, por ocasião do Congresso Pró-Implantação do Parque Marumbi, o Governador do Estado, através dos Decretos nº 5.589, 5.590, 5.591 e 5.592, criou os Parques Estaduais do Marumbi I e II.
Em 1978, por ocasião do Congresso Pró-Implantação do Parque Marumbi, o Governador do Estado, através dos Decretos nº 5.589, 5.590, 5.591 e 5.592, criou os Parques Estaduais do Marumbi I e II.
O Tombamento da Serra do Mar se deu em 25 de julho de 1986, com superfície aproximada de 386.000 ha.
A
Área Especial de Interesse Turístico do Marumbi (AEIT-Marumbi) foi
criada e regulamentada pela Lei nº 7.919, de 22 de outubro de 1984 e
Decreto nº 5.308 de 18 de abril de 1985. É baseada em Legislação
Federal, lei nº 6.513/77, que dispõe sobre a criação de áreas especiais e
de locais de interesse turístico. Sua superfície abrange parte dos
municípios de Campina Grande do Sul, Antonina, Morretes, São José dos
Pinhais, Piraquara e Quatro Barras num total de 66.732,99 hectares.
Dentro
do perímetro da AEIT-Marumbi se localizam os seguintes Parques
Estaduais (P. E's): P.E. Agudo da Cotia com 1.009 ha, P. E. Mãe Catira
com 1.500 ha, P.E. Serra da Graciosa com 1.189 ha, P. E. Pico do Marumbi
com 2.342 ha, P. E. Mananciais da Serra com 2.340 ha e P.E. do Pau Oco
com 1.700 ha.
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